A UNAMA – Universidade da Amazônia está promovendo, entre os dias 11 e 14 de novembro, a Feira de Negócios e da Bioeconomia, das 8h às 20h. Por meio da Rede Andorinhas, cooperativa de economia solidária na Amazônia, a ação visa a valorização do trabalho de artesãos paraenses e contribuir para a geração de renda local.
Mais de 100 stands foram instalados no campus Alcindo Cacela e a unidade abriu as portas para exposições, oficinas, palestras voltadas para questões socioambientais. Além disso, feirantes estão comercializando seus produtos, desenvolvidos com a adoção de práticas sustentáveis e que movimentam a bioeconomia.
A empreendedora Medy Portela, fundadora do projeto Sementes da Amazônia, está participando da ação e vendendo cosméticos naturais. Medy conta que ela e seu esposo se encantaram pela floresta amazônica após realizarem uma viagem juntos, há 20 anos, surgindo a ideia de trabalhar com a extração das sementes das oleaginosas da região.
Posteriormente, com a criação da sua marca, eles evoluíram para o desenvolvimento e venda de seus produtos. “Meu esposo faleceu há 11 anos, e nós ficamos com as comunidades nos fornecendo matéria-prima de qualidade na origem, para a gente continuar nossa produção da linha de cosméticos”, acrescentou.
Medy ressalta que é uma satisfação estar envolvida na Feira e que a sustentabilidade faz parte do processo de produção, principalmente por estar na fonte. “Trabalhar com as comunidades, trabalhar com os povos ribeirinhos, fortalecendo quem realmente produz, quem realmente cuida da floresta”, afirmou.
Vírginia Diniz, empreendedora e fundadora do atelier de acessórios Coisas da Vida, também está participando da Feira de Negócios. Ela menciona a ausência de incentivos de políticas públicas e afirma que iniciativas como a da UNAMA fortalecem a cadeia produtiva, muitas vezes esquecida.
A artesã relata que o Coisas da Vida nasceu há 10 anos, a partir da experiência dela enquanto mãe da Vida, que não se aceitava como negra durante a infância. Na época, Vírginia comprou um acessório para o cabelo da filha, buscando fazê-la entender a importância da sua etnia.
“E eu resolvi conversar com ela sobre ancestralidade. Daí ela começou a entender o porquê do cabelo, o porquê dos traços dela, e ela começou a ver a ancestralidade dela em outras pessoas que eu citava, na política, no meio artístico, grandes pensadores negros. E fazendo esse trabalho, eu criei essa empresa, que é uma empresa com propósito, que é fazer isso também com outras mulheres”, explicou.
A empreendedora Nelsa Nespolo, presidente do maior complexo cooperativo de Economia Solidária da América Latina, está à frente da Justa Trama, marca de roupas e brinquedos feitos de algodão agroecológico criada em 2005, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.
“E dentro dos espaços da Unisul Brasil, do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, a gente foi encontrando os elos de toda essa rede para poder fazer ela com que envolvesse associações e cooperativas, desde o plantio, até o processo de transformação, até a produção da roupa”, contou.
Nelsa afirma que há dois grandes motivos para estarem participando dessa iniciativa, durante a realização da COP30 – para reafirmar a existência de práticas de economia solidária e mostrar o poder da resiliência de sua comunidade após os desastres naturais ocorridos no Rio Grande do Sul.
“Existem práticas hoje desenvolvidas que, de fato, fazem uma diferença, que é garantir com que esse meio ambiente não seja contaminado, que ele não seja destruído, e que podemos ter escolhas de produtos de fato sustentáveis em todo o seu processo”, finalizou.
Por Isabella Cordeiro


