Cuidar da saúde mental exige, em muitos casos, o uso de remédios controlados para equilibrar o sistema nervoso. Contudo, a automedicação de antidepressivos sem prescrição médica pode acarretar consequências graves às saúdes física e cognitiva.
Os antidepressivos são destinados ao tratamento de transtornos mentais, como a depressão e ansiedade. Ele também é útil, combinado com outros medicamentos, para pacientes com bipolaridade e psicose. A medicação é indicada somente quando há desequilíbrio dos neurotransmissores chamados de “monoaminas”, agentes responsáveis pelas emoções humanas – as mais conhecidas são noradrenalina, dopamina e serotonina.
A principal característica dessa classe de remédios é sua composição lipossolúvel – termo técnico para definir remédios que são facilmente absorvidos e transpassam membranas celulares. Essa propriedade é capaz de ultrapassar barreiras do corpo humano, inclusive as existentes no neurônio e sistema nervoso central.
De acordo com Bruno Pinheiro, farmacologista e professor da Universidade da Amazônia (UNAMA), o uso de antidepressivos necessita de avaliação médica e responsabilidade. Ele explica que os remédios possuem reações positivas quando usadas de forma correta.
“As pílulas antidepressivas são indicadas, principalmente, para o tratamento comportamental. Seu propósito é tornar o paciente mais tolerante às emoções humanas, de modo que haja um equilíbrio saudável. O remédio modifica as ações químicas do cérebro, a fim de estabilizar os neurotransmissores”, destaca.
Por outro lado, o uso indevido de medicação tarja vermelha ou preta é preocupante para a saúde, acrescenta Pinheiro. “A automedicação é incorreta, seja qual for, mas é ainda mais arriscada quando envolve o sistema nervoso”. Ele ressalta o potencial de efeitos colaterais a longo prazo.
“Sem o acompanhamento psiquiátrico, o antidepressivo pode desencadear alterações de humor, ansiedade, pressão alta, ganho de peso e, em situações mais graves, ideação suicida. Além disso, misturar bebidas alcoólicas durante o tratamento potencializa os efeitos colaterais”.
O farmacologista afirma, ainda, que a retenção de receita médica é uma maneira de reduzir o acesso de substâncias de alto teor químico por pessoas sem episódios depressivos. “A prescrição de medicamentos controlados é uma política fundamental para evitar automedicações. Muitas vezes o paciente, ou possível paciente, não tem patologias ou compatibilidade adequadas para o uso do medicamento. A comercialização irregular de antidepressivos é um perigo para todos”, alerta.
Por Quezia Dias/Ascom UNAMA